Deitados na cama ou até adormecidos num sofá ,
repetimos diariamente a experiência de morrer. Mas a morte de quem se reclina e
se deixa voluntária e docemente prostrar, acredita que, de manhã, uma luz
auroral lhe entrará pelo quarto e o fará acordar como quem ressuscita para a
vida consentidamente interrompida.
O sorriso com que se entra nesse irmão da
morte que é o sono, é traçado pela confiança de que a ressurreição é certa e
trará consigo uma certa renovação da própria vida que por horas se interrompe.
Mais enigmático ainda é, por se saber que,
muito provavelmente, se acorda de manhã, e, então, se regressa à vigilância, alguém se deitar tranquilamente apesar de ficar à total
mercê de qualquer acto que possa aproveitar essa suspensão da atenção, da
vigília e da guarda. Seres que vivem um terço do tempo da sua vida à mercê do
que os possa submeter, tomar, raptar, matar, etc., conseguem, ainda assim,
repousar a cabeça numa almofada e entregarem-se nos braços de Morfeu
(sonho), filho de Hipnos (Sono).
Bem visto; também às vezes penso nisso: será porque sem um mínimo de confiança e de entrega não conseguimos mesmo viver?
ResponderEliminarUma sensação de paz, de plenitude, enche-nos a alma quando vemos um bébé a dormir... Onde está o âmago do ser?
Que obra de arte é esta?
ResponderEliminar